Certo
dia estava eu deitada tentando dormir, era madrugada, os sons dos
atabaques chegavam aos meus ouvidos e permaneciam como um ritmo que
auspiciava os pedidos de gente de fé e de não fé. Lembro desse
tempo antigo, havia nessa época um mistério no som dos atabaques e
de uma crença religiosa diferente daquela que a minha família
seguia. Em casa não se podia comentar sobre esse assunto, apenas
ouvir aquele som tão ritmado nas muitas madrugadas da minha vida. Eu
cresci sabendo que existia um mistério sobre o qual não se falava
por nada. Quem conhecia um pouco se tinha respeito, mas quem não
sabia nada se tinha mesmo era um enorme medo. Nessa época falava-se
que era uma reunião onde as pessoas veneravam demônios de capa,
demônios com tridentes que fumavam charutos e que vestiam roupas
coloridas de preto e vermelho. Quantas vezes eu ficava paralisada por
horas olhando o teto do meu quarto com o pensamento tentando imaginar
o que acontecia nessas reuniões. Quantas vezes eu ia me deitar e
ficava na naquela expectativa do som invadir os meus ouvidos. Me
deixava envolver naquele ritmo, parecia que compassava com as batidas
do meu coração, na verdade não sabia se o ritmo entrava em mim ou
se as batidas do meu coração ritmava o batuque da noite. Ficava
assim estática e somente saía desse estado de torpor quando me
assustava com as brigas de gatos no telhado da minha casa. Quando
aconteciam essas brigas, o miado dos gatos era tão alto que me fazia
esquecer o lado misterioso das noites de lua cheia ou das noites
programadas para o encontro dos meus vizinhos com o sobrenatural.
Fui
crescendo junto com a curiosidade de saber mais sobre essas reuniões
que chamavam de seita ou de religião. Não sabia bem o que era, se
era Umbanda ou Candomblé, sabia que era uma vizinha e seus
convidados noturnos que invadiam nossa casa com o som de tambores
ancestrais e tentavam tirar o sentimento crístico dos meus pais.
Meus adorados pais eram católicos praticantes e nessa época nossos
corações nada mais entendiam além do que eles passavam para a
família. Nossa vida era entregue a Deus todos os dias, somente
devíamos confiar em Deus ou em Jesus Cristo, seu filho. Graças a
esse sentimento eu tive meus encontros com esse grande e poderoso
Deus, através do Batismo, Comunhão e Crisma, três encontros entre
a família e Deus, entre eu e Deus. Meu alicerce sagrado que me
garante para toda a vida a sentinela do amor divino. Não entendia
muito bem porque alguns acreditavam em Deus, único Deus e outros
para chegar N’Ele precisavam entoar ritmos em tambores, vestir
roupas diferentes, fechar a cabeça com lenços e usar dezenas de
colares coloridos. Era assim que eu via quando eles saiam do seu
chamado terreiro para festejar em algum lugar o fim de ano. Essa foi
a uma etapa diferente, quando o ruído da celebração saiu do meu
quarto para passar ao vivo e a cores em frente a minha casa. As
pessoas andavam como numa banda, vestidos a caráter como mandava a
religião, carregando flores, cestas, tambores, pisavam descalços no
chão e seguiam para algum lugar onde fariam seus rituais de
agradecimento até tardar da madrugada. Outra etapa que a religião
diferente me fazia enxergar era uma prática que muitos acreditam até
hoje ser a promessa do milagre e do pedido atendido.
Uma
crença, vinda Deus sabe de muito longe, mas talvez bem deturpada
pelos pensamentos equivocados que a humanidade professa sem sentido e
sem o sentimento da real verdade. Como seres guiados pela comunhão
inversa saem com pensamentos do bem e do mal para depositarem num
lugar insólito ou numa encruzilhada flores, bebidas, velas,
cigarros, charutos e comidas diferentes que chamavam de despacho com
uma fé de que seus presentes agradariam o além e como troca teriam
seus pedidos atendidos. E na nossa atualidade muitos acreditam nisso,
aliás posso dizer que a grande maioria para centrar o sentido da fé
precisa transformá-la em algo físico que tem que pegar, mostrar,
caracterizar ou entregar para ritos de passagem da vida e não vida,
para ritos espirituais que traquinam a mente de quem vive sem a fé
crística e salvadora. É como uma vela de acender, enxergamos na
vela um símbolo de luz que psiquicamente acende o caminho para um
mundo de paz espiritual.
Que
o amor traga a espiritualidade da luz para dentro de nós!
LUZ
UNIVERSAL
LUZ
ESPIRITUAL
LUZ CRÍSTICA
Nazareth
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