Uma história de sorte e da
cor amarela me acompanhando na vida.
Foi uma era marcada com Silvio Santos e o Baú da
Felicidade. Minha mãe gostava de adquirir
os tais carnês do Baú da Felicidade. Sempre que quitava um carnê ela
carregava um dos filhos para uma loja em Bonsucesso e trocava o valor pago por
mercadorias.
A história começa assim.
Ao fim de um desses carnês fui com a minha mãe até a loja do Baú, não ligava
para esse tipo de coisa e nem sabia o que a sorte pode fazer com a nossa vida. Mas nesse dia o
universo conspirava a meu favor. Quando minha mãe terminou a escolha das
mercadorias o vendedor do Baú da
Felicidade empurrou mais um carnê para ela e foi nesse cupom que minha mãe
preencheu com o meu nome.
Tempo vai, tempo vem, a surpresa
chegou em nossa casa com 2 ou 3 prestações pagas do carnê. Era 08 de dezembro, inesquecível dia de Nossa Senhora da
Conceição, que recebemos um telegrama. Lembro que eu não estava em casa, tinha
ido com a minha avó Rita para o local onde ela trabalhava. Era uma grande casa
que pertencia a duas irmãs, que optaram pela solidão da vida, se chamavam Dona
Doninha e Dona Tolona, “patroas” da minha avó. Dona Tolona (rsrsrsrs, esse era
o apelido) marcou épocas em minha vida e
me traz ótimas recordações. Depois quero dedicar um post falando
somente dela.
Gostava de ir para o
trabalho da minha avó juntamente com as minhas primas. A casa era quase um
sítio, muitas árvores frutíferas, um galinheiro sofisticado onde as galinhas
tinham um quarto bem grande com vários poleiros
para elas dormirem além de um cisqueiro externo. Lembro que dava comida para
as galinhas, subia nas árvores e deitava nas folhas secas embaixo dos pés de
carambola e amora e comia as frutas assim olhando para o céu. Pois é, além da diversão
também ajudávamos nossa avó com o seu trabalho.
Hoje essa casa está completamente diferente, o verde que me encantou não existe
mais, o terreno foi dividido e outras casas foram construídas. Mas tenho a certeza
que bem ali naquele espaço está para sempre marcado a alegria, a inocência e uma
parte da vida de algumas crianças que docemente amavam brincar na natureza.
Chegando em casa minha mãe
me aguardava com o tal telegrama. Sem entender muito bem li o aviso de que o
número do meu carnê tinha sido sorteado pela loteria federal e que receberia um
carro zero kilometro. Nossa! Ficamos
meio incrédulos com o telegrama, mas
também ansiosos, felizes e com uma enorme expectativa em receber o grande
prêmio, desde então passei a sonhar com a chegada desse carro.
Enfim chegou o grande dia!
O Baú da Felicidade fez um folheto de divulgação com a minha foto e uma Kombi
do Baú anunciava em auto falante a minha
sorte. Todo o meu bairro e outras vizinhanças ficaram sabendo que eu havia
ganhado um carro do Silvio Santos.
Eu e minha irmã mais velha. |
Ah, detalhe, o carro era
um grande Opala amarelo gema!!!
Esse dia foi uma festa, a
chave do carro foi entregue nas minhas mãos e para comemorar meus pais fizeram um almoço para
os funcionários do Baú. Como não tínhamos local para guardar com segurança guardamos o carro na garagem da casa de D.Tolona. Lembro que quase
diariamente eu ia para lá e entrava no carro e sentia e mexia em tudo dizendo:
é meu! Lindo ! É meu! Lindo! É meu! Lindo! Pura emoção!
Entre nós um vendedor do Baú da Felicidade |
Mas os dias foram passando
e gerava em mim uma expectativa por achar que o carro seria meu quando completasse
18 anos. Pura imaginação!
Meus pais não tinham o
hábito de conversar conosco sobre os assuntos de adulto. Um certo dia meu pai
levou o carro e não o trouxe de volta. Nesse dia vi minha mãe com muito
dinheiro nas mãos e foi nesse momento que entendemos a venda do carro. Uma parte
do dinheiro foi usada para saldar dívidas da família e outra parte foi para
comprar roupas e sapatos para os filhos.
Mistério e imaginações
permanecem até hoje. Não sei muito bem que
benefício esse prêmio trouxe de verdade para minha família, pois a vida
continuou a mesma com os meus sonhos
ficando para trás. Mas o que importa de
verdade é a gratidão pela benção alcançada e pela capacidade que hoje tenho de sonhar e
acreditar que na vida tudo vale a pena quando temos amor.
"Tudo vale a pena quando a alma
não é pequena." Fernando Pessoa
O ANO FOI 1972,MAIS LEMBRO COMO FOSSE ONTEN. UM SABADO A TARDE,FOGOS DE ATIFÍCIOS,BALÕES E O OPALA AMARELO CHEGANDO ENCIMA DE UM REBOQUE.
ResponderExcluirTambém me lembro desse dia.Foi uma festa só!!!
ResponderExcluirSaudades dessa época!! Éramos tão inocentes!!!
Minha querida prima, você e sua irmã fazem parte dessa história. Se quiserem podem relembrar comigo momentos marcantes. Essa foi uma fase de pura alegria, de sonhos e descobertas. Depois veio a nossa pre-adolescência, aí sim, a beleza e o encanto foram ficando para trás e acho que foi início de uma caminhada bem marcante, com sofrimentos e momentos de tristeza. Enfim, é a vida acontencendo! Bjus,Nazareth
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