quarta-feira, 20 de junho de 2012

10 – Um telegrama abençoado



Uma história de sorte e da cor amarela me acompanhando na vida.

Foi uma era  marcada com Silvio Santos e o Baú da Felicidade. Minha mãe gostava de adquirir  os tais carnês do Baú da Felicidade. Sempre que quitava um carnê ela carregava um dos filhos para uma loja em Bonsucesso e trocava o valor pago por mercadorias.

A história começa assim. Ao fim de um desses carnês fui com a minha mãe até a loja do Baú, não ligava para esse tipo de coisa e nem sabia o que a sorte pode fazer com a nossa vida. Mas nesse dia o universo conspirava a meu favor. Quando minha mãe terminou a escolha das mercadorias o vendedor  do Baú da Felicidade empurrou mais um carnê para ela e foi nesse cupom que minha mãe preencheu  com o meu nome.

Tempo vai, tempo vem, a surpresa chegou em nossa casa com 2 ou 3 prestações pagas do carnê. Era 08 de  dezembro, inesquecível dia de Nossa Senhora da Conceição, que recebemos um telegrama. Lembro que eu não estava em casa, tinha ido com a minha avó Rita para o local onde ela trabalhava. Era uma grande casa que pertencia a duas irmãs, que optaram pela solidão da vida, se chamavam Dona Doninha e Dona Tolona, “patroas” da minha avó. Dona Tolona (rsrsrsrs, esse era o apelido) marcou épocas em minha vida e  me traz ótimas recordações. Depois quero dedicar um post falando somente  dela.

Gostava de ir para o trabalho da minha avó juntamente com as minhas primas. A casa era quase um sítio, muitas árvores frutíferas, um galinheiro sofisticado onde as galinhas tinham um quarto bem grande com vários poleiros  para elas dormirem além de um cisqueiro externo. Lembro que dava comida para as galinhas, subia nas árvores e deitava nas folhas secas embaixo dos pés de carambola e amora e comia as frutas assim olhando para o céu. Pois é, além da diversão também  ajudávamos nossa avó com o seu trabalho. Hoje essa casa está completamente diferente, o verde que me encantou não existe mais, o terreno foi dividido e outras casas foram construídas. Mas tenho a certeza que bem ali naquele espaço está para sempre marcado a alegria, a inocência e uma parte da vida de algumas crianças que docemente amavam brincar na natureza.  

Chegando em casa minha mãe me aguardava com o tal telegrama. Sem entender muito bem li o aviso de que o número do meu carnê tinha sido sorteado pela loteria federal e que receberia um carro zero kilometro.  Nossa! Ficamos meio incrédulos com o telegrama,  mas também ansiosos, felizes e com uma enorme expectativa em receber o grande prêmio, desde então passei a sonhar com a chegada desse carro.

Enfim chegou o grande dia! O Baú da Felicidade fez um folheto de divulgação com a minha foto e uma Kombi do Baú anunciava  em auto falante a minha sorte. Todo o meu bairro e outras vizinhanças ficaram sabendo que eu havia ganhado um carro do Silvio Santos.


Eu e minha irmã mais velha.

Ah, detalhe, o carro era um grande Opala amarelo gema!!!

Esse dia foi uma festa, a chave do carro foi entregue nas minhas mãos e  para comemorar meus pais fizeram um almoço para os funcionários do Baú. Como não tínhamos local para guardar com segurança  guardamos o carrordar com seguranças. za.ele espaço ainda tem a alegria, a inocrro seria meu at na garagem da casa de D.Tolona. Lembro que quase diariamente eu ia para lá e entrava no carro e sentia e mexia em tudo dizendo: é meu! Lindo ! É meu! Lindo! É meu! Lindo! Pura emoção!

Entre nós um vendedor do Baú da Felicidade


Mas os dias foram passando e gerava em mim uma expectativa por achar que o carro seria meu quando completasse 18 anos. Pura imaginação!

Meus pais não tinham o hábito de conversar conosco sobre os assuntos de adulto. Um certo dia meu pai levou o carro e não o trouxe de volta. Nesse dia vi minha mãe com muito dinheiro nas mãos e foi nesse momento que entendemos a venda do carro. Uma parte do dinheiro foi usada para saldar dívidas da família e outra parte foi para comprar roupas e sapatos para os filhos.  

Mistério e imaginações permanecem até hoje. Não sei  muito bem que benefício esse prêmio trouxe de verdade para minha família, pois a vida continuou a mesma com os meus  sonhos ficando para trás.  Mas o que importa de verdade é a gratidão pela benção alcançada  e pela capacidade que hoje tenho de sonhar e acreditar que na vida tudo vale a pena quando temos amor.

"Tudo vale a pena quando a alma não é pequena."      Fernando Pessoa


avidaemcaminhadas.blogspot.com.br

 

3 comentários:

  1. jorge felix da silvaquinta-feira, 21 junho, 2012

    O ANO FOI 1972,MAIS LEMBRO COMO FOSSE ONTEN. UM SABADO A TARDE,FOGOS DE ATIFÍCIOS,BALÕES E O OPALA AMARELO CHEGANDO ENCIMA DE UM REBOQUE.

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  2. SELMA MARIA DE LIMAdomingo, 24 junho, 2012

    Também me lembro desse dia.Foi uma festa só!!!
    Saudades dessa época!! Éramos tão inocentes!!!

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  3. Minha querida prima, você e sua irmã fazem parte dessa história. Se quiserem podem relembrar comigo momentos marcantes. Essa foi uma fase de pura alegria, de sonhos e descobertas. Depois veio a nossa pre-adolescência, aí sim, a beleza e o encanto foram ficando para trás e acho que foi início de uma caminhada bem marcante, com sofrimentos e momentos de tristeza. Enfim, é a vida acontencendo! Bjus,Nazareth

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