A
minha história de vida parece fluir como num tilintar mágico.
Meu
pai trabalhava incansavelmente dirigindo um caminhão amarelo e sempre antes de
sair orientava minha mãe para não deixar
os filhos na rua. A obediência era um respeito, mas a vontade de brincar,
rsrsrsrs, essa era maior. Sabe como são
as crianças, tem muita energia e elas querem mesmo é correr, pular e brincar. Meio que desatinados saíamos para a rua e ficávamos
próximo ao nosso portão, ali permanecíamos por horas, quase o dia inteiro. As
brincadeiras eram muitas, desde bola de gude, roda-pião, esconde-esconde,
amarelinha até desenhos riscados no chão. Nós sabíamos a hora em que meu pai
voltava do trabalho e ficávamos todos atentos. Eram dois sinais que alertavam a
chegada dele do trabalho: o ronco do motor do caminhão e o cigarro que acendia
logo que descia do caminhão. Imagina, um bando de crianças correndo e dizendo “chegou ele, vamos, corre!”. Todos corriam e quando
ele chegava em casa fazíamos adoráveis caras de anjinhos obedientes,
rsrsrsrsrs.
Logo
depois meu pai deixou de fumar e aí a atenção passou a ser somente ao motor do
caminhão. Era como se silenciasse a mente para ouvir o caminhão amarelo chegando.
Esse
caminhão era o nosso meio de transporte para alguns lugares e passeios. Era com
ele que meu pai nos levava ao médico, a praia, a feira e em viagens curtas. Era
divertido até certa idade, aquela da inocência e do forte vínculo afetivo. Mas
quando chegou a pré-adolescência confesso que eu ficava envergonhada com o
caminhão, não queria que meus amiguinhos me vissem andando de caminhão. Sempre
que meu pai me levava para algum lugar eu dava um jeito de disfarçar e me
esconder abaixando na cabine do caminhão. Nunca contei isso para ninguém, na
verdade eu entendia que era uma atitude errada e isso me dava um sentimento de
culpa diante de tanto amor que recebia do meu pai. Fica aqui esse triste desabafo
e um pedido de perdão ao meu pai.
Foi
de caminhão com a família que conhecemos Mangaratiba, litoral sul do Rio de
Janeiro. As meninas acompanhavam a mãe na cabine e os moleques na carroceria. Dessa
viagem me lembro de fatos inusitados segundo a mente de uma criança. Achava estranho a linha do trem
passar bem junto a areia da praia, do
sino que tocava na madrugada, e da cara de espanto da maioria na padaria local quando escutavam nosso pedido de pão bisnaga para o café da manhã (rsrsrsrs, tinha alguns
comilões na família). Muito mais alegres do que cansados retornamos dessa
viagem com o coração preenchido pela beleza encantadora do lugar e com os
muitos cocos dividindo espaço da carroceria com os meninos.
Igreja
da Penha lá fomos nós!
Era
Outubro ,mês da festa em homenagem a padroeira de N.S. da Penha. O passeio
conciliava a festa, mês de aniversário do meu pai e também uma promessa feita
por minha mãe para curar a bronquite do meu irmão caçula. Tudo planejado pela
minha mãe, desde a nossa roupa até a bolsa de comida para o piquenique. E essa bolsa era vorazmente vigiada pelo meu
irmão Zi, o comilão, que de maneira alguma nos deixava compartilhar aquele peso
delicioso. Subimos os 382 degraus de escada, a Igreja lotada e uma paradinha no meio da escadaria para
uma foto histórica.
Depois
da romaria da família na Igreja da Penha, uma bela surpresa: entradas para o Parque de Diversão Shangai bem ali juntinho do Santuário da
Igreja da Penha. Mais um momento de memória marcada e que será eternizado por
nossas muitas gerações.
Esse
dia foi memorável e hoje quando reunimos
a família damos boas risadas lembrando os nossos passeios no caminhão amarelo.
E
essa cor amarela, ah essa me segue e me
dá sorte .
Na
paz!
NÃO TENHO PALAVRAS PARA DESCREVER A EMOÇÃO QUE SENTI AO LER.MESMO QUE EM NOSSOS ENCONTROS FAMILIARES SEMPRE TOCAMOS NESTA FASE DE NOSSAS VIDAS, A FORMA E AS PALAVRAS ILUSTRADAS COM ESSAS FOTOS( TANTO A DO CAMINHÃO AMARELO E A DA IGREJA DA PENHA A QUAL VC DEFINIU MUITO BEM COM HISTÓRICA).MAIS UMA VZ VLW NAZARETH.
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