segunda-feira, 11 de junho de 2012

07 - Anos dourados de uma vida feliz e temática



Infância, décadas de 60 e 70, anos dourados de uma época feliz.

Hoje a distância é enorme, faz tempos e tempos,  mas que a lembrança encurta e traz no coração um passado cheio de histórias que faço questão de reviver junto com as minhas filhas.

O mundo evoluía mais rápido do que a minha infância, mas pode-se dizer que tudo era melhor que a nossa atualidade. Nesse tempo não era permitido que as crianças ficassem ouvindo conversas de adultos, não tínhamos televisão mudando comportamentos e a preocupação dos pais era simplesmente resguardar seus filhos e educá-los conforme os preceitos e regras da época.  Criança era criança e somente conhecia brincadeiras de criança.

As meninas tinham as brincadeiras de roda e as cantigas como atirei o pau no gato, fui no tororó e as fofoletes que encantavam, já  os meninos tinham  a  bola de gude, carrinho de rolimã, pião, tinha também o bate-bate que hoje está voltando para as mãos da meninada.

Era uma  infância de ternura e muita inocência, mas também de descobertas importantes que vinham no tempo certo. 



Meus pais não tinham a cultura inteligente que faz a vida ser bem sucedida, mas eles tinham o principal que era o amor incondicional dedicado à família.



Meu pai era um homem sensível e demasiadamente preocupado com o bem estar dos filhos. Adorava fazer das datas comemorativas um evento temático que marcasse as nossas vidas. As datas mais alegres eram  em Junho e Julho com as festas juninas. Para essa época junina  minha mãe comprava um tecido de chita na feira e preparava um vestido de caipira para as duas filhas mais novas, eu e minha irmã. Os meninos ganhavam blusa xadrez e calça coringa.


Na véspera dos dias de São Pedro e São João o dia todo era uma alegria só. Todos nós ajudávamos nos enfeites do quintal e a  felicidade maior era ver meu pai  preparar uma linda fogueira e entregar para cada um de nós as caixinhas de estalinhos, cobrinhas e bombinhas. Ao entardecer vestíamos as nossas roupas  de caipira e pronto, estávamos preparados para a grande diversão.



Minhas primas participavam dessa alegria e amiguinhas vizinhas também. A gente corria aquela varanda e quando chegava a noite fria  nos esquentávamos perto da fogueira.

O que mais chamava a minha atenção era a noite com o céu pintado de estrelas e de balões. Olhava para o céu meio hipnotizada pela beleza imaginando tudo, inclusive que subiria ao céu carregada por extra terrestres.

Tínhamos o hábito de ficar acordados até um pouco mais tarde nessas datas. Lembro de uma esteira de palha  onde deitava para contemplar  as estrelas e os balões.  Cresci apreciando a lua e as estrelas, até hoje sou assim e procuro passar esse hábito para minhas filhas, elas adoram quando contamos histórias debaixo de uma enorme lua e de um céu com incontáveis estrelas brilhando, cada uma no seu tamanho e lugar. 



Época de Natal era outro acontecimento marcante. A família era católica praticante e essa data significava a união e o amor.

Era verão aquecendo a vida. E todo fim de ano meu pai achava que tinha que pintar a casa. Acho que a pintura era uma simbologia de renovação da vida.

Para comemorar o nascimento de Jesus, as meninas ajudavam na arrumação da casa e minha mãe preparava toda a ceia de Natal. Castanhas, rabanadas, frutas e carnes enfeitavam a mesa, além do garrafão de vinho sangue de boi que meu pai ganhava.  Os presentes eram garantidos pelo patrão do meu pai, apenas lembro de um carro de bombeiro que meu irmão caçula sempre ganhava.

Minha mãe, que disposição de mãe e mulher! Cuidou de 08 filhos, sem se cansar, sempre muito tranqüila com os filhos e com o marido. Não lembro de nervosismos ou fases de TPM que deixassem minha mãe sem controle.

Meu pai era motorista de caminhão, trabalho simples, mas que naquela época pôde dignificar para todo sempre  um lar e uma grande família.

Obrigada família, amo todos vocês!

avidaemcaminhadas.blogspot.com.br

2 comentários:

  1. JORGE FELIX DA SILVAterça-feira, 12 junho, 2012

    OBRIGADO VC MINHA IRMÃ, ESTOU AQUI COM OS OLHOS MAREJADOS,CHOREI SIM AO LER COM TANTOS DETALHES A SUA VISÃO DESTE PERIODO DE NOSSA INFÃNCIA.

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  2. Dode,a vida de hoje está tão dura que deixar-se emocionar contrapõe essa realidade e revela sensibilidade, princípios e valor.Fomos edificados pelo amor e por isso temos muita coisa boa para repassar aos nossos descendentes e isso eu faço muita questão.Beijos, te amo irmão.

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