Infância, décadas de 60 e
70, anos dourados de uma época feliz.
Hoje a distância é enorme,
faz tempos e tempos, mas que a lembrança
encurta e traz no coração um passado cheio de histórias que faço questão de
reviver junto com as minhas filhas.
O mundo evoluía mais
rápido do que a minha infância, mas pode-se dizer que tudo era melhor que a nossa
atualidade. Nesse tempo não era permitido que as crianças ficassem ouvindo
conversas de adultos, não tínhamos televisão mudando comportamentos e a
preocupação dos pais era simplesmente resguardar seus filhos e educá-los
conforme os preceitos e regras da época. Criança era criança e somente conhecia
brincadeiras de criança.
As meninas tinham as brincadeiras
de roda e as cantigas como atirei o pau no gato, fui no tororó e as fofoletes
que encantavam, já os meninos tinham a bola
de gude, carrinho de rolimã, pião, tinha também o bate-bate que hoje está
voltando para as mãos da meninada.
Era uma infância de ternura e muita inocência, mas
também de descobertas importantes que vinham no tempo certo.
Meus pais não tinham a cultura inteligente que
faz a vida ser bem sucedida, mas eles tinham o principal que era o amor
incondicional dedicado à família.
Meu pai era um homem sensível
e demasiadamente preocupado com o bem estar dos filhos. Adorava fazer das datas
comemorativas um evento temático que marcasse as nossas vidas. As datas mais alegres eram em Junho e Julho com as festas juninas. Para
essa época junina minha mãe comprava um
tecido de chita na feira e preparava um vestido de caipira para as duas filhas
mais novas, eu e minha irmã. Os meninos ganhavam blusa xadrez e calça coringa.
Na véspera dos dias de São Pedro e São João o dia todo era uma alegria só. Todos nós ajudávamos nos enfeites do quintal e a felicidade maior era ver meu pai preparar uma linda fogueira e entregar para cada um de nós as caixinhas de estalinhos, cobrinhas e bombinhas. Ao entardecer vestíamos as nossas roupas de caipira e pronto, estávamos preparados para a grande diversão.
Minhas primas participavam
dessa alegria e amiguinhas vizinhas também. A gente corria aquela varanda e
quando chegava a noite fria nos
esquentávamos perto da fogueira.
O que mais chamava a minha
atenção era a noite com o céu pintado de estrelas e de balões. Olhava para o
céu meio hipnotizada pela beleza imaginando tudo, inclusive que subiria ao céu
carregada por extra terrestres.
Tínhamos o hábito de ficar
acordados até um pouco mais tarde nessas datas. Lembro de uma esteira de
palha onde deitava para contemplar as estrelas e os balões. Cresci apreciando a lua e as estrelas, até
hoje sou assim e procuro passar esse hábito para minhas filhas, elas adoram
quando contamos histórias debaixo de uma enorme lua e de um céu com incontáveis
estrelas brilhando, cada uma no seu tamanho e lugar.
Época de Natal era outro
acontecimento marcante. A família era católica praticante e essa data
significava a união e o amor.
Era verão aquecendo a
vida. E todo fim de ano meu pai achava que tinha que pintar a casa. Acho que a
pintura era uma simbologia de renovação da vida.
Para comemorar o
nascimento de Jesus, as meninas ajudavam na arrumação da casa e minha mãe
preparava toda a ceia de Natal. Castanhas, rabanadas, frutas e carnes enfeitavam
a mesa, além do garrafão de vinho sangue de boi que meu pai ganhava. Os presentes eram garantidos pelo patrão do
meu pai, apenas lembro de um carro de bombeiro que meu irmão caçula sempre
ganhava.
Minha mãe, que disposição de
mãe e mulher! Cuidou de 08 filhos, sem se cansar, sempre muito tranqüila com os
filhos e com o marido. Não lembro de nervosismos ou fases de TPM que deixassem
minha mãe sem controle.
Meu pai era motorista de
caminhão, trabalho simples, mas que naquela época pôde dignificar para todo
sempre um lar e uma grande família.
Obrigada família, amo
todos vocês!
avidaemcaminhadas.blogspot.com.br
OBRIGADO VC MINHA IRMÃ, ESTOU AQUI COM OS OLHOS MAREJADOS,CHOREI SIM AO LER COM TANTOS DETALHES A SUA VISÃO DESTE PERIODO DE NOSSA INFÃNCIA.
ResponderExcluirDode,a vida de hoje está tão dura que deixar-se emocionar contrapõe essa realidade e revela sensibilidade, princípios e valor.Fomos edificados pelo amor e por isso temos muita coisa boa para repassar aos nossos descendentes e isso eu faço muita questão.Beijos, te amo irmão.
ResponderExcluir