quinta-feira, 31 de maio de 2012

02 - A infância remota

Sabe, não me lembro muito bem de minha infância, apenas alguns fatos que me marcaram muito e deixaram marcas indeléveis, umas muito boas e outras que me deixam triste quando recordo. Enfim, não podemos parar no tempo, é a vida acontecendo.

O tempo é indefectível, isto é, não falha, simplesmente segue um ritmo rápido e nesse movimento do tempo somos os personagens principais conduzidos para caminhos muitas vezes surpreendentes e inesperados. Podemos também seguir para outros caminhos que nem sabemos o motivo de estar neles, é o chamado acaso, uma força aleatória impulsionada pelos pensamentos e desejos de viver e sentir o movimento da vida.

Bem, com 5 anos de idade eu já queria conhecer caminhos diferentes, queria sentir a tal liberdade e as sensações que o mundo e a natureza nos oferece. Foi num desses momentos de curiosidade que tive a minha primeira sensação da vida, sozinha e independente dos laços familiares. 

Em uma manhã clara, terra iluminada pelo sol, minha mãe preparava o almoço. A cena acontecia no degrau da porta da cozinha, foi exatamente ali que vi várias vezes a minha mãe preparar galinhas para nosso almoço, era uma prática habitual na culinária dela todos os domingos. Parecia um ritual, ela pegava a galinha pelo pescoço dava um corte com a faca e reservava o sangue em uma tigela, depois colocava a ave morta em uma bacia e jogava água quente para então depenar e limpar. No início, eu olhava curiosa, depois foi virando uma rotina para todos nós e antigamente matar e preparar uma galinha fazia parte de uma receita de comida na maioria das casas. 

Foi em um desses dias, levada pela beleza encantadora do sol, que tive o desejo de me lançar ao mundo desconhecido como se já quisesse preencher um coração vazio com a força do espírito santo. E eu já sabia que somente podia preencher interagindo com a criação divina que está no tempo e na natureza. Lembro-me bem que saí curiosa, caminhei alguns metros, olhava e sentia tudo, o calor do sol, a brisa, as casas, as pessoas e os animais. 

Essa foi minha primeira sensação e conexão verdadeira com o mundo, com a terra e com tudo que nela habita e que faz o tempo seguir em frente.

Foi uma pequena e rápida caminhada, lembro que fui logo pinçada de volta pela minha avó Rita, um impulso de vida que está sendo eterno pela lembrança marcante das sensações que jamais quero esquecer.


Até a próxima!



avidaemcaminhadas.blogspot.com.br


Um comentário:

  1. A ESSA GALINHA ENSOPADA, ACOMPANHADA DE MACARRÃO E BATATA. UMA DELICIA.

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