domingo, 12 de abril de 2015

137 – Uma Rainha com Alzheimer






O destino ordenou e nos fez tristes por ter deixado nossa rainha em uma casa de repouso. Pelo menos parece que a instituição é carinhosa  e atenciosa.

Todos os dias eu estou indo lá, hoje cheguei na hora de uma missa, as 10 h da manhã. Uma senhora, hóspede da casa, que dizia não acreditar  na sua musicalidade, hoje ela estava  nessa hora sagrada cantando com expressão de gratidão e provavelmente sentindo um resgate momentâneo de  sua história de vida.  

Que vibração pude sentir nesse momento...  

Uma hora de um Domingo feliz na companhia de Deus. Muitas conexões  levavam os  pedidos de misericórdia. É triste ver vidas e almas tão perdidas como se nada mais tivesse sentido algum. 

No horário que cheguei minha rainha estava fazendo sua higiene. Ajudei a finalizar penteando seus cabelos e colocando um perfume suave. Mas depois, triste fiquei porque a imagem que marca é a de uma cadeirante  impregnada de medicamentos que consomem o que ela tem de mais sagrado, sua vida. 

Não sei como entender esse Alzheimer, sei apenas o que é sofrer vendo a angústia do vazio que ele deixa na mente e na alma de quem  amamos .

Que tenhamos o bem viver de uma vida eterna. 



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