O destino ordenou e nos fez tristes por ter deixado nossa rainha em uma casa de repouso. Pelo menos parece que a
instituição é carinhosa e atenciosa.
Todos os dias eu estou indo lá, hoje cheguei
na hora de uma missa, as 10 h da manhã. Uma senhora, hóspede da casa, que dizia
não acreditar na sua musicalidade, hoje
ela estava nessa hora sagrada cantando
com expressão de gratidão e provavelmente sentindo um resgate momentâneo
de sua história de vida.
Que vibração pude sentir nesse
momento...
Uma hora de um Domingo feliz na
companhia de Deus. Muitas conexões
levavam os pedidos de
misericórdia. É triste ver vidas e almas tão perdidas como se nada mais
tivesse sentido algum.
No horário que cheguei minha rainha estava fazendo sua higiene. Ajudei a finalizar penteando seus cabelos e colocando
um perfume suave. Mas depois, triste fiquei porque a imagem que marca é a de uma
cadeirante impregnada de medicamentos
que consomem o que ela tem de mais sagrado, sua vida.
Não sei como entender esse Alzheimer,
sei apenas o que é sofrer vendo a angústia do vazio que ele deixa na mente e na
alma de quem amamos .
Que tenhamos o bem viver de uma vida
eterna.
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