É muito
triste falar desse assunto, mas a cada dia ele está se aproximando cada vez mais de nós.
Falar de
despedida, de adeus, de desapego, de morte; enfim de perdas é algo muito
sofrível. Nunca, acho eu, ficaremos preparados para quaisquer perdas, não
enquanto estivermos degenerando nosso destino divino.
Não sei se será
hoje, amanhã, nesse fim de semana ou daqui a 5 ou 10 anos, mas sei que já tem
dia e hora marcada para essa despedida final. Por enquanto é somente uma
despedida breve, um fique com Deus, que Jesus te proteja, eu te amo muito minha
mãezinha, logo estarei de volta... É assim, uma despedida lenta e sofrível para
alma e para o coração. Fico sensível e chorosa a cada despedida dessas.
Nesse
momento penso na família como uma entidade unida e sagrada, acho que foi assim que
Deus quis quando nos deu o sopro da vida. Lamentável, mas a humanidade preferiu
trocar os ensinamentos da eterna felicidade
pela ignorância e soberba de uma vida fictícia de luzes artificiais que acendem
apenas quando querem mostrar sua vaidade.
Infelizmente
vejo que minha família está assim. Somos 07 filhos e mais de 30 netos e bisnetos.Uma família grande e uma pergunta que não quer
calar: eles vão visitar ou ligam para
saber desse serzinho que deu origem, cuidou e protegeu a vida deles? Hoje ela está lá naquela cama,
imóvel, sem falar, sem reagir , sem interagir, sem lembrar, mas ainda sente
e responde com a alma quando a abraçamos, beijamos e sussurramos no seu ouvido aquelas
palavrinhas mágicas “eu te amo mãe”. Hoje ela está lá em um cama dependente de tratamento, de carinho e de amor.
A realidade
é cruel. Meus manos e manas e seus agregados perderam a memória da mãe e da avó
e não dão mais essa dose de amor,
carinho e respeito para minha rainha D. Antonia, “nêga” como meu pai a chamava.
Será que para esses omissos, já órfãos
de mãe, devo lembrar que parte da sua existência está indo embora, ou será que
devo deixar uma mão bater na porta da consciência deles para que acordem e
passem a dar também essa dose de amor que fará um bem enorme a minha rainha,
além de ser também um remédio potencialmente curativo para nossas almas
doentes? Triste eu sigo com essa dúvida
e mais ainda com a certeza que o dia dessa despedida está chegando.
Com o
coração carregado de altas doses de amor sussurro para a vida e para ela: te amo minha Rainha Linda!