terça-feira, 16 de junho de 2015

140 - Uma despedida lenta



É muito triste falar desse assunto, mas a cada dia ele está se aproximando cada vez mais de nós.

Falar de despedida, de adeus, de desapego, de morte; enfim de perdas é algo muito sofrível. Nunca, acho eu, ficaremos preparados para quaisquer perdas, não enquanto estivermos degenerando nosso destino divino.

Não sei se será hoje, amanhã, nesse fim de semana ou daqui a 5 ou 10 anos, mas sei que já tem dia e hora marcada para essa despedida final. Por enquanto é somente uma despedida breve, um fique com Deus, que Jesus te proteja, eu te amo muito minha mãezinha, logo estarei de volta... É assim, uma despedida lenta e sofrível para alma e para o coração. Fico sensível e chorosa a cada despedida dessas.

Nesse momento penso na família como uma entidade unida e sagrada, acho que foi assim que Deus quis quando nos deu o sopro da vida. Lamentável, mas a humanidade preferiu trocar  os ensinamentos da eterna felicidade pela ignorância e soberba de uma vida fictícia de luzes artificiais que acendem apenas quando querem mostrar sua vaidade.

Infelizmente vejo que minha família está assim. Somos  07 filhos e mais de 30 netos e bisnetos.Uma família grande e uma pergunta que não quer calar:  eles vão visitar ou ligam para saber desse serzinho que deu origem, cuidou e protegeu a vida deles? Hoje ela está lá naquela cama, imóvel, sem falar, sem reagir , sem interagir, sem lembrar, mas ainda sente e responde com a alma quando a abraçamos, beijamos  e sussurramos no seu ouvido aquelas palavrinhas mágicas “eu te amo mãe”. Hoje ela está lá em um cama dependente de tratamento, de carinho e de amor.

A realidade é cruel. Meus manos e manas e seus agregados perderam a memória da mãe e da avó  e não dão mais essa dose de amor, carinho e respeito para minha rainha D. Antonia, “nêga” como meu pai a chamava.  Será que para esses omissos, já órfãos de mãe, devo lembrar que parte da sua existência está indo embora,  ou será que devo deixar uma mão bater na porta da consciência deles para que acordem e passem a dar também essa dose de amor que fará um bem enorme a minha rainha, além de ser também um remédio potencialmente curativo para nossas almas doentes?  Triste eu sigo com essa dúvida e mais ainda com a certeza que o dia dessa despedida está chegando.


  
Com o coração carregado de altas doses de amor sussurro para a vida e para ela:  te amo minha Rainha Linda!